O universo da literatura é apaixonante. Os primeiros livros foram criados pelo povo sumério, quando começou a escrever em tabletes de argila, por volta dos anos 3.200 a.C. na Mesopotâmia, atual Iraque. Desde então, podemos encontrar livros de todos os tipos, tamanhos, conteúdos. Sabe aquela vontade de ler um romance? Tem em um livro! Uma receita nova, uma oração para um momento de angústia? Aquele trabalho para a faculdade? Você pode encontrar em livro. Seja em uma obra física ou virtual, podemos encontrar aquilo que queremos ou necessitamos em um momento da vida.
Mas você já parou para pensar por que as pessoas publicam seus livros? George Orwell, em seu livro Por que escrevo (1), diz que escrevia por vaidade, para deixar uma marca, para que as pessoas lembrasses dele. Além dessa justificativa bem pessoal, ele enumera mais seis motivos para que as pessoas escrevam: Por egoísmo (desejo de parecer inteligente, ser falado e recordado após a morte); Por entusiasmo estético (Por perceber a beleza do mundo e ter essa necessidade de partilhar uma experiência valiosa); Por impulso histórico (Guardar os fatos observados para a posteridade); Por propósito político (desejo de guiar o mundo para uma direção e guiar a sociedade através de uma ideia).
George Orwell. Fonte: editoramadreperola.com
Já Paulo Henriques Britto disse que escreve por achar que essa atividade é essencial para que continuasse sendo quem é, e que escrever é para ele uma fonte de intenso prazer. Em contraponto a Orwell, Paulo Britto nos diz que nele há sim o desejo pelo reconhecimento, mas não seria essa sua primeira motivação. Tampouco seria seu motivo pra escrever a vontade de mudar o mundo, reparar injustiças ou estar a serviço de uma missão. “Escrever é para mim uma atividade que se justifica por si só” (2), ele disse.
Paulo Britto. Fonte: www1.folha.uol.com.br
Ao trazer aqui pontos de vista tão diferentes de dois escritores reconhecidos, não nos interessa fazer um juízo de valor sobre qual deve ser a motivação para a escrita. Aliás, o juízo de valor pressupõe uma linha de pensamento preconceituosa que em nada se relaciona à literatura; ler é estar livre, estar aberto a conhecer o mundo de alguém que está ali escrito e que tão corajosamente o escritor se dispôs a nos mostrar. Ao ler uma obra, entramos um pouco na vida de uma pessoa. Quantos best sellers foram publicados com motivação autobiográfica, mesmo que no momento da escrita o autor não tenha essa como intenção primordial?
A vontade de escrever e publicar tem, como vimos nos exemplos de Orwell e Britto, as mais diversas origens. Como seres únicos, temos individualidades que nos levam a escolhas pessoais, influenciadas pelo momento de nossas vidas, por uma necessidade financeira ou social, por uma oportunidade de trabalho, vontade de incremento do currículo. Ou pelo desejo de ser lembrado como alguém que teve a coragem e a ousadia de expor para o público uma história, independentemente de qual amplitude comercial ela vai alcançar, ou de quanto retorno ela vai dar.
Publicar é um ato de resistência pessoal e literária, é o que faz os sonhos se concretizarem em palavras folhas, textos que trarão aos leitores um afago, uma força, uma indignação ou a serenidade que buscam, e essa é a riqueza da literatura. É por essas e outra razões que os escritores procuram as editoras, e que os leitores procuram as livrarias físicas e virtuais, esses recantos de diferentes afetos.
Por isso dizemos que se você, prezado escritor, tem uma ideia, um texto, uma obra, não tenha medo, publique. Deixe o mundo e as pessoas conhecerem um pouco de seu mundo e do que você tem vontade de falar, ou o que você estudou, pesquisou, sonhou. Some com outros colegas e com outras vozes para fortalecer alguém ou alguéns, que certamente se inspirará em sua coragem. A literatura, as editoras, os escritores, nós agradecemos. Avante.
(1) ORWELL, G. Por que escrevo. Penguin & Companhia das letras. 2021. (2) BRITO, P. H. Por que escrevo. Remate de Males. Campinas, (30.2): p. 253-258, jul/dez. 2010.
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